Sobre literatura e história: como a ficção constrói a experiência, de Júlio Pimentel Pinto

Conversamos com Júlio Pimentel Pinto a respeito de seu novo livro de ensaios, "Sobre literatura e história: como a ficção constrói a experiência" (Companhia das Letras/SP, 2024, 272 p.).
A editora traz a seguinte sinopse da obra: "Como um historiador lê a literatura? Como a ficção se relaciona com a história? Júlio Pimentel Pinto oferece neste livro respostas sensíveis e inteligentes a essas perguntas. Mediante uma escrita prazerosa, ele nos convida a indagar sobre os caminhos possíveis de serem traçados entre os protocolos discursivos da história e as formas especulativas da ficção, sinalizando não apenas a permeabilidade de seus limites, mas, sobretudo, a distinção que as legitima enquanto práticas e saberes. A partir da leitura de autores como Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Ricardo Piglia, Octavio Paz, Juan Carlos Onetti, Milton Hatoum, Edgar Allan Poe, José Martí, Sousândrade, Raymond Chandler, entre outros, Júlio Pimentel Pinto coloca em evidência indagações compartilhadas entre o fazer do historiador e o do escritor -- sem que a ficção surja como ilustração de um argumento histórico e sem que a história se preste a compor mero pano de fundo para a escrita da ficção."
Júlio Pimentel Pinto é professor do Departamento de História da USP e autor, entre outros, de "Uma memória do mundo: ficção, memória e história em Jorge Luis Borges" (Estação Liberdade, 1998), "A leitura e seus lugares" (Estação Liberdade, 2004), "A pista e a razão: uma história fragmentária da narrativa policial" (e-galaxia, 2019) e "Sobre literatura e história: como a ficção constrói a experiência" (Companhia das Letras, 2024).
Na conversa, Júlio começou respondendo sobre a relação entre ficção e experiência. O livro sedimenta um longo percurso investigativo sobre as relações entre ficção e história, num mútuo reconhecimento/estranhamento entre as duas áreas. Partindo principalmente de reflexões sobre os autores argentinos Borges e Piglia, Júlio Pimentel Pinto discutiu no livro como ficção e história, pensadas dialogicamente, permitem o melhor entendimento de períodos históricos e obras literárias. O ensaísta explicou a estrutura do livro. A primeira parte apresenta uma discussão teórica sobre as relações entre a experiência vivida, o texto ficcional e o lugar da leitura. Na seção seguinte da obra, Júlio trata de diálogos entre autores, como na "ideia de América" de Martí e Sousândrade. Depois, o livro aborda diferentes projetos literários, como o da obra de Milton Hatoum. Por fim, o livro volta à discussão teórica, analisando, por exemplo, o gênero textual do diário. Júlio explicou também que suas investigações são, no livro, mas também no seu percurso acadêmico, estruturadas "através" dos modos diversos como Borges e Piglia pensaram o texto ficcional e a dimensão historiográfica. Ao mesmo tempo, explicou como se distancia daquelas molduras, exercendo o lugar crítico. Molduras que são, as de Piglia e as de Borges, também muito diversificadas internamente. A questão seguinte foi sobre "Facundo ou civilização e barbárie" (Domingo Sarmiento). Para Pinto, interessa discutir, em obras como a de Sarmiento, movimentos de escrita que borram os gêneros e para os quais há uma indecidibilidade entre a narrativa histórica e a aventura ficcional. O pioneirismo de Sarmiento (e de outros de seu tempo) é o de abrir a possibilidade de se ler muitos textos dentro de cada texto. Depois, Júlio tratou da literatura policial e das possibilidades de pensá-la como conhecimento do mundo, na composição lógica de indícios que tal literatura sugere ao leitor. O autor de "Sobre literatura e história: como a ficção constrói a experiência" refletiu ainda sobre o lugar dos indícios no trabalho historiográfico. Por fim, foi perguntado sobre a relação entre sua prática docente e sua condição de ensaísta, praticante da escrita e da reescrita. Para Julio, "escrever e dar aula são gestos de narrar e nos dois casos sempre contando com a presença de outros.". Foi uma conversa excelente, muito esclarecedora.
A foto do professor Júlio Pimentel Pinto é de Mauro Figa.
O livro pode ser adquirido nas livrarias e também no link www.companhiadasletras.com.br...

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    @outrolivro3 күн бұрын

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