Medo. Eu tenho medo até de sentir medo. Já perdi as contas de quantas vezes digo que tenho medo ao longo de um único dia. Tenho medo de cair, de subir, de chorar, de sair; medo de aranhas, medo de borboletas, medo de dormir, medo de engordar, medo de envelhecer, medo de morrer...
Então, o mais correto seria dizer "eu vivo de medo" em vez de "eu morro de medo". Mas se alguém me perguntar: "Você acredita que existe algo além de você que cuida daquilo que você não pode cuidar?" Eu responderia sem pensar: "Claro que acredito." Não sei se dou a isso o nome de Deus, destino, universo, mãe natureza ou simplesmente meu Eu superior. Mas eu acredito.
Então, que grande hipócrita eu sou. Se acredito nessa proteção, por que vivo de medo? Talvez porque eu acredite, mas não confie de fato. Não confio que sou merecedora de cuidado. Talvez eu ache que preciso dar conta de tudo, que preciso ser suficiente, que não sou merecedora de cuidado, já que há tantas coisas no mundo para serem cuidadas.
Então me pergunto: qual é meu verdadeiro medo? Qual é o medo dos meus medos? Aquele que muitas vezes nem digo para mim mesma, aquele que escondo tão bem que não sei nem por onde começar a procurar?
Hoje, eu me permito encontrar essa resposta. Hoje, me permito enfrentar o que quer que eu encontre. Hoje, seguro nas mãos daquilo em que acredito e imploro: revele-se. Saia do esconderijo em que eu mesma te coloquei e mostre sua cor, sua forma. Não quero mais temer assim. A partir de agora, só aceito o medo que me preserva, que me protege. Hoje, entrego aquilo que não posso controlar. Hoje, confio que estou amparada e protegida. Hoje, acredito que sou amada e merecedora de todo o amor que me cerca. Hoje, aceito minhas dores de peito aberto. Hoje, me aceito do jeito que sou e confio naquilo que sou capaz.
Namastê