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Música Sacra do Candomblé - Nação Fon

Música Sacra do Candomblé - Projeto Alabé. O álbum apresenta os cânticos litúrgicos das nações Fon, Jeje, Angola e Ketu, numa leitura à primeira vista. Seleção de repertório: Jaime Sodré e Edinho de Oxaguian. Direção artística, produção artística e texto: Jaime Sodré - Historiador, Escritor e Xicarongoma.
Produção executiva: Jaime Sodré e Carlos Maguari - Carlos Alberto Francisco dos Santos, Mestre em Artes Visuais e Designer.
Músicos: Solo: Edinho [Oxaguian]
Agogô: Passos “Assogba” [Obaluaê]
Rum: Gamo [Oxalá]
Rumpi: Cacau [Ogum]
Lé: Yuri [Oxaguian]
Côro: Tude, Gamo, Cacau, Yuri, Passos
Estúdios de Gravação: WR/SSA-24 canais, dez/1998
Mixagem e Masterização: Estúdios WR - Salvador, Bahia
Técnicos de Gravação: Fábio Marc e Alexandre Rangel
Assistente de Gravação: Partha
Técnico em Mixagem: Fábio Marc
Técnico em Masterização: Gedilson Lima
Fotos: Carlos Maguari
Projeto Gráfico: Kátia Drummond & Cláudio Paulo Studio
Agradecimentos: Aline e Wesley Rangel
A Orquestra do Candomblé é vibrante, melódica e imprescindível, com os seus tambores Rum, Rumpi, Lé, sagrados batuques na métrica do Agogô, na base rítmica do Lé, na sustentação diferenciada de Rumpi e das ações mais liberais e criativas dos improvisos, obedecidos os mitos, do Rum. O que vale é a execução virtuosa do quarteto, sem o qual até o santo para, reclama, e às vezes pede a substituição do inapto, exigindo, para continuar o Siré, a festa, que essa mudança se faça rapidamente.
Nas festas para Xangô, além da orquestra um instrumento especial é utilizado. Trata-se do Xerê (cabaça de cobre) tendo no seu interior pequenos seixos com o som imitativo da chuva. Em momento de grande euforia ao público é permitido acompanhar a festa com palmas e respostas às cantigas.
Ao tocador na sua formação é exigido não só o domínio dos couros como também o conhecimento das cantigas. Aqueles que dominam um repertório amplo, inédito ou antigo com seus fundamentos e execução métrica-rítmica, entonação melódica e letras adequadas ao rito mítico-histórico da divindade são os que mais se destacam.
A proposta deste disco é simplesmente o registro atual do repertório litúrgico do candomblé da Bahia das nações Ketu, Angola, Fon e Jeje executado por eficientes Alabés, que formam um dos grupos de música sacra afro-brasileira mais preparados da atualidade, composto por: Edinho (Edinho Carrapato), como Alabé principal, na função da voz solo; seguido de Gamo da Paz, no Rum; Cacau, no Rumpi e Yuri, no Lé; Passos (Yomar Assogbá) no Agogô e, em alguns momentos, em um dos Atabaques, auxiliados por Tude no vocal.
A ideia foi realizar a gravação como se estivesse num templo de Candomblé, reproduzindo sua sonoridade, poder de mobilização e execução ininterrupta, sem intervenções para ajustes ou acertos típicos das gravações comerciais. O que vale dizer, na linguagem musical, uma gravação de primeira, ou leitura à primeira vista.
Essa forma de gravação resultou numa performance muito próxima à execução ao vivo, como se estivéssemos em um autêntico ambiente de Candomblé, em termos de emoção e execução exigindo eficiência, segurança e conhecimento dos executantes, o que se conseguiu.
O produto final da gravação não requisitou quaisquer formas de mascaramento, exigindo-se que o som fosse o mais natural possível no processo de mixagem.
Outro aspecto relevante se prende à linguagem, que merece uma abordagem esclarecedora. Os negros ao chegarem ao Brasil, na condição de escravos, eram selecionados e distribuídos baseados nos critérios de mistura das etnias, a pretexto de não agrupar segmentos com a mesma língua, evitando-se, assim, o entendimento e a reorganização que conduzissem a rebeliões. Esse critério de mistura poderia resultar em perdas significativas da memória nativa, o que a grosso modo não aconteceu.
Não se pode dizer que estas linguagens permaneceram em sua pureza original. Contudo, apesar de adaptações sincretizadas até mesmo entre as nações e aportuguesamentos, ainda têm o poder mobilizador indispensável nos ritos afro-brasileiros, ou seja, ainda contém Axé ou Gunzo.
O texto musicado ainda contém significações filosóficas, místicas ou proverbiais identificáveis e indispensáveis à prática litúrgica.
Desse modo, o texto musicado de base Yorubá, Banto e Ewe não mereceu de nossa parte qualquer observação corretiva, visto que uma das finalidades deste trabalho, intitulado Projeto Alabé, é o registro do estado atual do acervo rítmico, melódico e linguístico do repertório sacro afro-brasileiro. Um outro objetivo é levar a tantos outros, sensíveis aos traços sagrados do Candomblé, um momento de rara beleza, chamando a atenção para a memória de muitos que não deixaram os tambores silenciarem, lembrando que o atabaque é um OSUNKUNSERIN - aquele que chora e ri.
A TODOS QUE BATERAM O TAMBOR NA ESPERANÇA DE HARMONIZAR A HUMANIDADE ÀS DIVINDADES.
JAIME Santana SODRÉ Pereira
Mestre em Teoria e História da Arte

Пікірлер: 23

  • @dioneaxavierdelima3529
    @dioneaxavierdelima3529 Жыл бұрын

    Que Oxalá está lá nos abençoe e que deu um novo ano novo

  • @liseanesilvany7103
    @liseanesilvany71034 жыл бұрын

    Uma iniciativa que nos dá a dimensão da vitalidade dos Candomblés. Resistir é viver .Viva Jaime Sodré ! Descanse em paz no Orum.

  • @NilstonConceicao-ke2qy
    @NilstonConceicao-ke2qy Жыл бұрын

    Salve salve minha terra 🌍 joia joia

  • @canaldovs8671
    @canaldovs86713 жыл бұрын

    Kolofe , lindo parabéns 🤩🤩😸🎉😸🎉

  • @suzanarocha4935
    @suzanarocha49353 жыл бұрын

    OGUNHÊ MEU PAI SEM O SENHOR NÃO SOU NINGUÉM!

  • @Henrique-ie9sd
    @Henrique-ie9sd4 жыл бұрын

    Que voz salve o candomblé adorei

  • @luisfabiano8558
    @luisfabiano85584 ай бұрын

    Quem sabe faz ao vivo.

  • @Marcos_SL
    @Marcos_SL5 жыл бұрын

    Parabéns!!!!

  • @luisfabiano8558
    @luisfabiano85584 ай бұрын

    Quem sabe mesmo ao vivo.

  • @joaofaustino1563
    @joaofaustino15636 жыл бұрын

    Carlos, por onde anda? Como vai Célia? Saudades! Vcs prestigiaram meu início dentro do asé. Abraços

  • @felixmarinho2629

    @felixmarinho2629

    5 жыл бұрын

    João Faustino Você é o quê dentro do Axé, tem oyê por acaso ?

  • @jannyguedescosta1706
    @jannyguedescosta17063 жыл бұрын

    Awure mi agbe aseooo

  • @felixmarinho2629
    @felixmarinho26295 жыл бұрын

    1 - Uma correção, não é Fon, mas sim Efon (Lokiti Efon), uma Nação de Candomblé com forte semelhanças com as Nações Ketu e Ijexá. A Nação Efon carece de pesquisas aprofundadas, não havendo obras relevantes sobre a mesma. Destaca-se nessa Nação, o culto a determinadas divindades (Oxum, Oxalá e Logun Edé), sobressaindo Orixá Oloroké, também conhecido por Oké. Dito como seu patrono espiritual. Outra particularidade interessante, é o culto a determinadas árvores, e as divindades que a elas estão intimamente vinculadas. Uma das maiores autoridades religiosas sobre a Nação Lokiti Efon na atualidade, é a Iyalorixá Maria de Xangô (Maria José Lopes dos Anjos), neta carnal do histórico e polêmico Babalorixá Cristovão do Pantanal (Cristovão Lopes dos Anjos), oriundo do Ilê Axé Oloroke, na Bahia. Axé

  • @soniamariarocha2884

    @soniamariarocha2884

    3 жыл бұрын

    Certo

  • @felixmarinho2629
    @felixmarinho26293 жыл бұрын

    2 - E devo aqui expressar elogios a essa importante obra, que está a documentar a musicalidade da Nação Lokiti Efon, e das outras nações que compõem o nosso Candomblé Brasileiro . Está muito harmoniosa, bonita e melodiosa. Parabéns a seus idealizadores, e a todos aqueles que contribuíram para a sua criação. Só não nos ficou claro, na elaborada e correta descrição da obra, generosamente disponibilizada a todos de forma democrática, porque não se faz menção as outras nações. " A proposta deste disco é simplesmente o registro atual do repertório litúrgico do candomblé da Bahia das nações Ketu, Angola, Fon e Jeje." Ora, não devemos esquecer que a formação do candomblé da Bahia, também se deu através das nações Ijexá e Lokiti Efon. Que fazem parte da sua história e continuam vivas e atuantes. Sendo que acreditamos um tanto incorreto, classificar a Nação Lokiti Efon como sendo integrante do grupo Fon. Pois ao que sabemos, essa tradição religiosa é oriunda de reminescentes da etnia nagô-yorubá, não do grupo Gbe. Também precisamos esclarecer, que no Brasil o termo Jeje torna-se bastante genérico e abrange. Uma vez que é empregado para generalizar tradições religiosas distintas, que possuem em comum apenas traços linguisticos. Mas que em sua origem, possuíam uma cultura própria. Sendo assim, encontraremos na Bahia: Jeje Mahi, Jeje Daomé [ Terreiro do Pinho (Hunkpame Dahomey) ] , Jeje Savalu, Jeje Modubi. Também teremos como Jeje, o chamado Mina -Jeje, no Maranhão. O Kwe Sinfá, no Rio de Janeiro, que apesar de se intitular Mahi, sua história faz alusão a Allada, como origem da sua fundadora. Ainda teremos o Axé Oxumarê (Ilê Oxumarê Araká Axé Ogodô), que apesar de praticar o rito nagô, possui fortes raízes em tradições Ewe-Fon. E não podemos nos esquecer, da Casa Fanti ashanti, do nosso querido e saudoso Pai Euclides Talabian ( Euclides Menezes Ferreira). A mesma problemática, encontraremos em relação ao Candomblé da Nação Angola. Que também é chamado de Angola-Congo, sugerindo claramente sua abrangência étnico-cultural. Mesmo no chamado Candomblé Nagô (ou Nagô-Kêtu), encontraremos atreladas diversas outras nações e tradições religiosas igualmente de origem Nagô-Yorubá, e que ultrapassam as fronteiras da Bahia. Tais como os já citados Ijexá, Lokiti-Efon, Abeokuta e Oyó. E porque estou aqui problematizando a obra, devido a mesma não estar abrangendo a toda a variante da musicalidade sacra do Candomblé da Bahia. Sendo assim, apesar da relevância dessa e de tantas obras mais, o patrimônio musical preservado no Candomblé Brasileiro, está longe de ter sido satisfatoriamente explorado. Merecendo assim, a atenção de novos e promissores pesquisadores. O que se canta no Pinho, no Kwe Sinfá, no NPaketans, no Tumbensi, no Oloroke e em tantos outros importantes Axés de valor histórico ? Simplesmente não sabemos. Mas de certo não era (e ainda não o é), tudo igual. E isso necessita ser pesquisado e registrado. Antes que o pouco, que ainda resta, desapareça.

  • @Marcos_SL

    @Marcos_SL

    3 жыл бұрын

    Sabe tudo de candomblé esse moço! Deveria dar aulas aqui nos terreiros da Bahia!

  • @Marcos_SL

    @Marcos_SL

    3 жыл бұрын

    E antes que o senhor venha aqui me dar uma "Carteirada" perguntando o meu "Oye", coisa que a meu juízo é uma grosseria, falta de Rumbê. Adianto dizendo que não sou nada além de um limpador de chão e de bicho aqui na minha roça e um irmão dos meus irmãos e servidor do meu axé. Grande deve ser o senhor que vem aqui corrigir os outros!

  • @ChickenMcJunior

    @ChickenMcJunior

    2 жыл бұрын

    Kwe Sinfa é descendente da casa fundada pela senhora de Allada, mas nao era o nome do axe original. Se nao me engano o nome do axe de tia Rosana era Kpo Daagba. Nao é isso?

  • @felixmarinho2629

    @felixmarinho2629

    2 жыл бұрын

    @@ChickenMcJunior Sim você está correto, foi um equivoco que cometi. Obrigado por ter percebido e corrigido. O correto é : Kwe Kpodaba ou Axé Podaba, fundado aproximadamente em 1851, na cidade do Rio de Janeiro por Kaiaku Rosena que teria vindo da cidade de Allada. Sobre essa personagem histórica, pouco sabemos. Mas caso a oralidade venha a ser confirmada, em verdade esse teria sido de fato o primeiro templo de candomblé estabelecido e a funcionar regularmente no Rio de Janeiro. E isso implica muita coisa, pois caso isso venha a ser provado, tudo dito e escrito até hoje sobre o tema teria que ser revisto. Sobre o Kwe Sinfá (também no Rio de Janeiro), é uma ramificação um descendente do Kwe Sinfá, tendo sido fundado aproximadamente em 1952. Um abraço.

  • @felixmarinho2629

    @felixmarinho2629

    2 жыл бұрын

    @@Marcos_SL Meu caro os vídeos aqui postados de ordem pública, voltados para a Comunidade Candomblecista e Espiritualista, são interativos. E me desculpe, mas já foi o tempo do adepto da religião do candomblé ser analfabeto, ignorante, subserviente e tolido de expressão. Devemos respeitar a hierarquia sim, mas os tempos são outros. Tanto é que até uma Iyalorixá de uma das Casas Matrizes da Bahia, abdicou. Candomblecista burro, vai pra igreja evangélica.

  • @felixmarinho2629
    @felixmarinho26293 жыл бұрын

    3 - E mais. Não devemos ficar demasiadamente atrelados a Bahia, quando sabemos que em outros estados brasileiros também existe culto aos orixás, aos voduns e aos inkices. E consequentemente, existe o canto. Uma vez que os cultos afro-brasileiros encontram-se em uma crise muito profunda, internamente e externamente. Nunca foi tão necessário, nos voltarmos para todas as nossas tradições religiosas afro-brasileiras, presentes em todo o território nacional. A fim resguardar e documentar, parte do patrimônio cultural e a identidade própria de cada uma dessas tradições religiosas. E como, esperando pela boa vontade e interesse de um pesquisador europeu ?Absolutamente NÃO. Qualquer iniciado, membro e amigo da casa de culto, com o mínimo de sensibilidade pode contribuir para que haja o registro e essa preservação. Claro que você não irá quebrar nenhum segredo. Mas aquilo que for de ordem pública (e com a devida permissão do zelador), fotografe, filme, grave, escreva. Você é muito pobrezinho, não tem acesso aos recursos de mídia ou a aquisição de aparelhos eletrônicos. Siga o exemplo de Carolina Maria de Jesus ( escritora, compositora e poetisa), compre um singelo caderno e um lápis e passe a escrever tudo aquilo que você vê e acha interessante em seu terreiro. Não sabe ler, nem escrever, então quando possível peça a alguém para que grave alguma coisa que você sabe ou que você viu. Uma cantiga, uma reza, uma receita de uma comida de santo etc Lembre, a sua contribuição é de fundamental importância para o resgate e a preservação da nossa memória e dos nossos costumes. Tanto resistir aos mercenários e terroristas evangélicos, como ao Ifánismo, ao Ifá-centrismo e a utopia africana, nunca foi tão preciso.