Os Hicsos, um povo de origem asiática, são tradicionalmente identificados como semitas oriundos da região de Canaã (atual Palestina e Síria). Eles começaram a migrar para o Egito durante o final do Reino Médio, aproximadamente em 1800 a.C., atraídos pela fertilidade do Delta do Nilo e pelas oportunidades comerciais que a região oferecia. A chegada dos Hicsos ao Egito foi inicialmente pacífica, mas sua influência e poder foram crescendo ao longo do tempo.
Por volta de 1650 a.C., os Hicsos conseguiram tomar o controle do norte do Egito, marcando o início do Segundo Período Intermediário. Eles estabeleceram sua capital na cidade de Avaris, no Delta do Nilo, e governaram como a 15ª Dinastia do Egito. Os Hicsos introduziram várias inovações no Egito, como o uso de cavalos e carruagens de guerra, arcos compostos, e técnicas avançadas de metalurgia e fortificação. Esses avanços militares permitiram-lhes consolidar seu domínio e exercer influência sobre um território significativo.
Durante seu domínio, os Hicsos adotaram muitos aspectos da cultura egípcia, incluindo a religião, a escrita hieroglífica e as tradições artísticas. Apesar disso, eles foram vistos pelos egípcios nativos como estrangeiros e usurpadores, o que fomentou um ressentimento profundo que perdurou por décadas.
A resistência ao domínio dos Hicsos começou a ganhar força no sul do Egito, na região de Tebas. Os governantes tebanos, inicialmente vassalos dos Hicsos, começaram a se rebelar contra o controle estrangeiro. Essa resistência culminou no reinado de Kamose, que iniciou uma série de campanhas militares contra os Hicsos. Após a morte de Kamose, seu irmão mais novo, Amósis I, continuou a luta.
Por volta de 1550 a.C., Amósis I conseguiu finalmente expulsar os Hicsos do Egito, marcando o fim do Segundo Período Intermediário e o início do Novo Reino. Ele capturou Avaris e perseguiu os Hicsos até a região de Canaã, consolidando sua vitória. A expulsão dos Hicsos foi um evento crucial na história egípcia, simbolizando a restauração da soberania egípcia e o início de um período de grande prosperidade e expansão territorial sob o Novo Reino.
O legado dos Hicsos, embora marcado pela invasão e domínio estrangeiro, também inclui a introdução de tecnologias e práticas militares que continuaram a influenciar o Egito por séculos. A expulsão dos Hicsos tornou-se um símbolo de renovação e resistência para os egípcios, reforçando a identidade nacional e o orgulho cultural.
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