HENRI ROUSSEAU: O PAI DOS NAIFS

Henri-Julien-Félix Rousseau (Laval, 21 de maio de 1844 - Paris, 2 de setembro de 1910), conhecido também pelo público como o douanier (aduaneiro) por ter trabalhado como inspetor de alfândega, foi um pintor francês inserido no movimento moderno do pós-impressionismo. A sua obra foi pouco apreciada pelo público geral e pelos críticos, seus contemporâneos tendo sido constantemente remetida para o grupo da arte naïf e primitivista - pelo seu carácter autodidata, resultado da inexistência de formação acadêmica no campo artístico, pela recusa dos cânones da arte reconhecida até então e pela aparente ingenuidade grotesca.
A partir de 1871, e após ter trabalhado como empregado de um oficial de diligências, Rousseau inicia o seu trabalho na alfândega de Paris. Decorridos 19 anos de casamento, Clémence morre vítima de tuberculose e Rousseau volta a contrair matrimónio 10 anos depois, em 1899, com a viúva Joséphine-Rosalie Nourry. Pouco tempo depois, em 1903, morre também a sua 2ª mulher, um ano após Rousseau se tornar professor na Association Philotechnique onde ensina a técnica da pintura em porcelana e de miniaturas.
Rousseau infringe de novo a lei e é sentenciado, em 1909, a 2 anos de prisão com pena suspensa e uma coima de 200 francos por fraude bancária. Morre com 66 anos a 2 de Setembro de 1910 vítima de septicemia.
É difícil precisar o início do seu interesse pela pintura, mas sabe-se, no entanto, que deixa o trabalho de alfândega para se dedicar por exclusivo à arte em 1890. Anterior a esta data Rousseau luta pelo seu destaque como artista, sendo constantemente alvo de críticas aguçadas que o caracterizam de infantil e muito aquém das qualidades representativas que seriam de se esperar de um artista após a época de Monet. No entanto, Rousseau não abdica do seu sonho e tenta aproveitar todas as oportunidades que lhe permitam dar a conhecer a sua arte e, quem sabe, destacar-se por entre os seus contemporâneos, obtendo, assim, o reconhecimento social ao qual tanto aspira.
Passeio na Floresta, c. 1886, Óleo sobre tela, 70 x 60,5 cm, Zurique
Rousseau afirmou só ter pegado num pincel pela primeira vez quando já tinha 40 anos, ou seja, em 1884, mas este facto é de difícil comprovação, não só pelo facto de o seu género pictórico ser fácil de imitar, mas também pelo facto de, muitas vezes, o próprio efetuar alterações em obras já terminadas e de alterar a data de execução. Facto é que, em 1884, Rousseau obtém permissão para executar cópias no Museu do Louvre, no Musée de Luxembourg e nos palácios de Versailles e de Saint-Germain fruto da recomendação de Félix Clément que o motiva e incentiva a seguir o seu caminho no mundo artístico.
De modo a compensar o seu sucesso financeiro tardio, Rousseau moveu-se também noutros campos da arte, escrevendo peças de teatro (Une visite à l’Exposition de 1889), composições musicais (Clémence) e dramas (La vengeance d’une orpheline russe), mas vai ser no campo da pintura que a sua expressão artística vai ter maior impacto. As suas obras não são, no entanto, aceites no salão oficial e, em 1885, expõe no Salon des refusés (salão dos recusados) e a partir de 1886 apresenta as suas pinturas regularmente no Salon des indépendants (salão dos independentes) onde se inserem as obras de artistas amadores e todas as obras rejeitadas, passíveis de suscitar escândalo. Em 1905 participa também do Salon d’Automne (salão de Outono) e com o seu crescente reconhecimento passa a organizar soirées no seu atelier onde se reúnem os mais destacados elementos do mundo artístico e intelectual de então.
A reação à sua pintura é, no início, maioritariamente negativa. No entanto algumas vozes começam-se a pronunciar positivamente, chegando mesmo a comparar Rousseau com os pintores do Proto-Renascimento em Itália onde as noções de perspetiva espacial ainda estão no seu estado embrionário, mas que não deixam por isso de ter uma certa originalidade criativa. Já em 1886 Pissaro expressa a sua admiração ao ter contacto com as suas obras no salão dos independentes e Gauguin que, juntamente com Alfred Jarry (escritor) e Guillaume Apollinaire (escritor, poeta e crítico), o vai denominar de artista naïf (ingénuo), dá a conhecer em 1890, do mesmo modo, uma crítica positiva acerca da obra “Eu-Próprio, Retrato-Paisagem”.
Por outro lado, acredita firmemente nas suas capacidades e expressa tanto o seu orgulho como o seu desejo de se tornar o maior e o mais rico pintor francês, aproveitando todas as oportunidades que lhe surgem, mesmo quando é apelidado de palhaço. Já perto do final da sua vida, em 1908, conhece Picasso, que reconhece que a sua ingenuidade não é necessariamente sinónimo de inexistência de profissionalismo.

Пікірлер: 5

  • @taniacozzi2258
    @taniacozzi225810 ай бұрын

    Não tinha noção de muitas coisas mas acreditava na sua criatividade e onde queria chegar! Palmas pra ele!!!!!

  • @arteparavoce

    @arteparavoce

    10 ай бұрын

    Ele merece.

  • @adrianaribeiro3435
    @adrianaribeiro343510 ай бұрын

    👏👏👏👏👏🖌🎨

  • @arteparavoce

    @arteparavoce

    10 ай бұрын

    Saudades!

  • @alexandretinocoo
    @alexandretinocoo10 ай бұрын

    matasse, perdoamos pelo pioneirismo, mas ...