Memorial Minas Gerais Vale

Memorial Minas Gerais Vale

Caracterizado como MUSEU DE EXPERIÊNCIA, o Memorial Minas Gerais Vale traz a alma e as tradições mineiras contadas de forma original e interativa. Cenários reais e virtuais se misturam para criar experiências e sensações que levam os visitantes do século XVIII ao século XXI.

Longe de dar visibilidade apenas a um recorte histórico, o Memorial coloca em contato direto presente e passado promovendo, com esse gesto, outras formas de aproximação do público com as questões que atravessam nosso tempo.

Aberto em 2010, o prédio que abriga o Memorial Vale era a sede da Secretaria do Estado da Fazenda de Minas Gerais. A edificação histórica datada de 1897 é o local onde foi lançada a pedra fundamental da cidade de Belo Horizonte. A construção é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais -- IEPHA/MG.

Criado e mantido pela Vale por meio de sua Fundação, o Memorial integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade.

Пікірлер

  • @ClaudiaFerreira-ym1kw
    @ClaudiaFerreira-ym1kw Жыл бұрын

    Parabéns pela iniciativa!!! Ela é importante e os espaços culturais precisam incentivar o tema e os artistas LGBTQUIA+. Foi uma escolha fantástica a escolha dos artistas para representar o mês da diversidade!

  • @Annalorde
    @Annalorde Жыл бұрын

    Lafetah 👏👏

  • @fabiodutra7053
    @fabiodutra7053 Жыл бұрын

    Parabéns

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    [BLENDA] Eu acho que as pessoas que não trabalham em museus não tem muita noção da importância e do papel dos museus na sociedade, porque depois que a gente começa a trabalhar em museus a gente vê a transformação que acontece dentro dos museus, principalmente das crianças. Porque muitas vezes né, principalmente com grupos de escola e de crianças [RISADA DE CRIANÇA] elas estão vendo na escola em sala de aula um certo assunto, um certo tema e aquilo fica ali no imaginário da criança, quando ela vai no museu e ela tem acesso àquilo, a um objeto, a uma imagem, um quadro, uma foto, algo tangível que traz a imaginação dela à realidade. [LILIANE] Eu penso que são espaços de grande vitalidade, que promovem a difusão de conhecimento, permite a guarda de memórias da sociedade e sua história e seu patrimônio, enfim. [DANIRA] Isso acontece quando os museus fazem sentido para as pessoas, e quando as pessoas se vêem, elas fazem sentido, se vêem ali, nos mais variados coletivos da sociedade. A sociedade mesmo ela dita assim no singular, ela tem muitos grupos, e os museus mesmo, eles são muitas coisas, eles não são só as instituições mais tradicionais, mas eles também são pontos de memória, centros comunitários, enquanto essas instituições fizerem sentido para as pessoas, quando esses lugares, né?! os museus eles falam sobre coisas que fazem sentido pros sujeitos e cabem várias subjetividades, eu acho que eles são lugares importantes. [HENRIQUE] O artigo 35 da lei 11.904 de 14 de janeiro de 2009, subseção III [MÚSICA DE SUSPENSE] da difusão cultural e do acesso aos museus diz que, os museus caracterizar-se-ão pela acessibilidade universal dos diferentes públicos. Mas afinal de contas, todas as pessoas têm tido as mesmas oportunidades de acesso a esses espaços? [MÚSICA DE MISTÉRIO] [KAWANY] Exatamente por esse potencial de reflexão, de explosão né!? De caos às vezes, é que certos grupos acabam não se sentindo acolhidos. O jeito que a gente enxerga a arte, o museu, faz com que certas pessoas sintam que elas são só mais uma parte da engrenagem, que não são merecedoras desse momento de contemplação e de reflexão, que são os grupos periféricos, os grupos que vêm de comunidades, pessoas que estão em vulnerabilidade social acham que elas são só mais uma engrenagem e que aquele espaço não é pra elas. E aí por óbvio, pela maioria dos grandes museus estarem na região centro-sul, por serem de mais difícil acesso à periferia, acaba sendo de fácil acesso à classe média alta. [DYEGO] E quando a gente percebe isso também até pelo fato dos museus não estarem em outras regiões que não sejam centrais, às da cidade ou que sejam pontos muito turísticos que quando a gente vai ver são lugares mais caros pra se estar presente ou às vezes cê precisa de se alimentar também fica muito...o custo é muito alto, então quando a gente vê que os museus também não estão em regiões periféricas ou que se as regiões metropolitanas não tem muitos circuitos museais, a gente vê até a dificuldade da gente tá reconhecendo aquilo como algo existente. [LUIZA] A gente vê que os museus, eles continuam, mesmo depois de tantos anos, tantas décadas, né?! que se passam e eles continuam com um acesso muito restrito. são pouquíssimas pessoas por exemplo, que incluem os museus em seus momentos de lazer, que entendem o museu como um lugar de fruição, de aprendizado, de cultura, e que a gente pode ir também pra se divertir, e acho que grande parte disso, tem relação com as origens dos museus, os museus têm uma aura de tradicionalidade e de discursos que são construídos, até para condução né, da sociedade, para determinados caminhos, e isso faz com que a gente ainda segregue muito. [MÚSICA AGITADA]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    [ANGELO] Em 2019 o IBGE lançou dados publicados pelo SIIC que analisavam o acesso dos brasileiros a museus pelo período de 2007 a 2018. Os principais dados dessa pesquisa apontaram que os maiores acessos a esses ambientes é feito por pessoas autodeclaradas brancas, com faixa etária entre 15 e 29 anos e com nível superior completo. Essa análise foi realizada a partir da avaliação de amostras de residências em municípios nos quais há a existência de museus. A pesquisa, contudo, não leva em consideração autodeclarados indígenas e amarelos. [HENRIQUE] Em 2019 vem a público a pesquisa realizada por J.leiva. O trabalho analisa o acesso e os principais hábitos culturais das doze capitais brasileiras com maiores concentrações de museus: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, São Luís, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Os resultados mostram que o perfil dos públicos com maior acesso a museus é branco, pertencente a classe A, com faixa etária entre dezesseis e trinta e quatro anos e com formação escolar de nível superior completo. [ANGELO] As pesquisas apontam renda e nível educacional como fatores determinantes para o acesso a museus. O aumento da renda e do acesso de populações negras e indígenas às universidades, justificaria a pouca oscilação de acesso entre brancos e não brancos. Embora os números demonstrem aumento no acesso de populações socialmente excluídas a esses espaços, as diferenças na qualidade desse acesso ainda permanecem. [HENRIQUE] As pesquisas não levaram em conta questões de acessibilidade de públicos com deficiência. Também não foram contabilizados fatores como a frequência com a qual os museus estão sendo acessados por esses grupos para desta forma poder oferecer maiores informações sobre como estes espaços tem trabalhado ações de democratização de acesso e de suas narrativas. [BLENDA] Na minha opinião uma das coisas que é mais urgente dos museus trabalharem é essa imagem de serem inacessíveis né?! É, de trabalhar mais proximamente né, mais de uma forma mais acolhedora talvez e de mostrar pras comunidades ou às vezes não só mostrar mais criar formas de trazer essas comunidades marginalizadas, essas comunidades periféricas pra dentro do museu né, pra fortalecer ainda mais e atrelar ainda mais, é...o laço entre o museu e a escola, e entre museu e a educação e construir melhor essa relação. [MÚSICA ALEGRE] [JOÃO] Eu acho que a interatividade é a chave do futuro dos museus, quanto mais interativos eles forem, é…, mais longe vai chegar, acho que esse é o segredo, é uma coisa que eu gostaria de ver mais, né?! Apenas de ser um apaixonado. [ANDRÉ] Que eu pretendo que se concretize, é um museu que se volte para seu entorno, para a comunidade, para a cidade e os diferentes grupos que a compõe, e os convide a cada vez mais participarem das decisões e se verem representados, tanto nos seus quadros de funcionários, quanto nos seus acervos, também nas suas programações. [KAWANY] Eu imagino um museu do futuro completamente indigena, e negro e feminista. É esse museu que meu coração imagina, eu acho um pouco utópico pensar assim, acho pouco provável, mas é o que eu desejaria, é um espaço de acolhimento, um espaço que realmente gere reflexões e de vários âmbitos e de vários cenários possíveis, de várias teorias possíveis e não fechadas nos mesmos gênios da arte que a gente conhece, nas mesmas teorias da arte que a gente conhece. [MAICON] Quando eu penso em museu do futuro, assim...eu quase que entro em uma utopia, sabe? Por que, seria um espaço muito, muito, mais muito mais democratico, um espaço muito mais abrangente de público, de diversidades, sabe?! E acho primordial, principalmente no Brasil,assim, seria resgatar muito mais a cultura popular brasileira sabe? De fato trazer os saberes populares mais a tona, sabe?! Ter um investimento na arte do saber popular, das culturas ribeirinhas, da cultura do nordeste, é... da cultura dos quilombos, de todos os grupos sociais do Brasil. [DANIRA] E eu acho que tudo isso, tem a ver com um processo, um processo que não é, que eu acho que ele não se faz só com o museu sozinho né, mas com a sociedade e aí é nesse como fazer né, como ser inclusivo, é… como ser mais acessível né, ou como decolonizar os museus né, nesse processo, de fazer isso que o museu vai virando um lugar mais interessante pras pessoas, e eu acho que ser esse lugar interessante pras pessoas. [STANLEY] Pra terminar vou deixar uma frase do Augusto Boal, do teatrólogo do Teatro do Oprimido, que ele diz que: “Um novo mundo é possível, ah de construí-lo”. Um abraço a todos! [MÚSICA ANIMADA]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    [ECO] Atenção! Pois nem tudo na nova capital é glória… Estas ruas têm um certo ar de mal-assombrado [SOM DE TENSÃO]. Por que será? Na verdade, na construção da cidade, muitos foram desabrigados… Um dos mais famosos é a Maria Papuda, mulher, pobre e negra, que viu como seu casebre foi totalmente destruído [MÚSICA TRISTE] para construir aí o Palácio do Governo… Então, para quem estaria destinada a Cidade de Minas? Será que a nova cidade nascia para abrigar a todos [MÚSICA MELANCÓLICA] e suas culturas? No antigo Arraial, centenas de negras e negros libertos e escravizados viviam a cultura afrobrasileira da diáspora desde a época da Colonia. Muitos deles formavam parte da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos que se reunia no Largo do Rosário, bem no centro do que seria a nova capital, no cruzamento da Rua da Bahia com Guajajaras. [SOM DE TAMBORES] No primeiro domingo de Outubro celebravam a sua festa predileta: o Reinado. “Neste dia ostentavam-se pelas ruas garbosos, e alegremente dançando ao som cadencioso de seus tambores, de seus adufes e de suas sambucas, produzindo fortes e vibrantes pandorgas - tudo em honra e louvor da Senhora do Rosario”. [SOM DE TAMBORES - MÚSICA: VAI CAINDO FULÔ] Ora, cadê essa igreja com seu cemitério? Alguém conhece? Ela foi empurrada do coração da nova cidade para sua periferia e, assim, uma nova capela foi erguida: alguns a conhecem como Capela de Santo Antônio, na Avenida Amazonas com as ruas São Paulo e Tamoios. Parece que nem todos tinham as mesmas oportunidades: enquanto os funcionários de alto escalão e as elites conseguiram estabelecer-se no centro da cidade, instalando-se nas moradias desapropriadas dos antigos habitantes do Curral, para eles sobraram as redondezas. Assim, cafuas, barracões e favelas, como a do Alto da Estação, começam a receber essa população pobre e negra que, mesmo afastada por um projeto urbanístico higienista, era de vital importância pois eram os trabalhadores e trabalhadoras que construíram a cidade. [MÚSICA ALEGRE - SAMBA: LENÇO NO PESCOÇO] Na verdade, o contorno da Avenida 17 de Dezembro não era apenas o l imite da área urbana da nova cidade, [MÚSICA INSTRUMENTAL] era também um cordão de segregação, que foi empurrando, para as periferias, a população negra que perdia sua ocupação no espaço público. [MÚSICA - SAMBA: RAPAZ FOLGADO] Assim como o ritmo frenético daquelas fábricas que surgiram com a Revolução Industrial, o crescimento urbano não pára e a Modernidade acaba por implantar-se na cidade: chega o automóvel [BUZINA], o cinema [ROLO DE FILME] [RUGIDO DE LEÃO], a eletricidade [SOM DE CONDUÇÃO ELÉTRICA], o bonde [SOM DE TREM]! Uma vida marcada por novos ritmos, novos sons… O tempo j á não é mais marcado pelas horas canônicas [SOM DE RELÒGIO], mas pelo relógio. As calçadas se encontram vestidas de cafés, os novos pontos de encontro para as conversas que continuavam no footing pelas largas avenidas como a Afonso Pena ou as grandes praças como a Raul Soares - [MÚSICA ANIMADA] uma atividade de onde homens e mulheres, enquanto fofocavam, trocavam olhares e affairs... [MÚSICA ANIMADA] [SOM DE PASSOS NA CIDADE, BURBURINHO, BONDE] O novo j eito de viver, o j eito moderno da nova capital, vai crescendo ainda mais quando o Interventor Benedito Valadares chama a um novo personagem para ocupar a Prefeitura de Belo Horizonte em 1940. [SOM DE TROMPETES] É o Juscelino Kubitschek! Belo Horizonte crescia para o alto e para os l ados, se extrapolando muito além da Avenida do Contorno. [MÚSICA ANIMADA - JAZZ: SING, SING, SING] A verticalização chega para ficar com prédios como o Conjunto Habitacional IAPI e Acaiaca na década de 1940, ou o Edifício Niemeyer que, na década de 1950, “traria audácia e sofisticação ao conjunto eclético da Praça da Liberdade.” [MÚSICA ANIMADA - JAZZ: SING, SING, SING] Mas, o maior e mais ambicioso projeto foi a construção do conjunto da Pampulha onde “Niemeyer projeta construções não convencionais, influenciadas fortemente pela doutrina de Le Corbusier. Formas abertas, vidro, geometrismo limpo.” Junto com um novo conceito de arquitetura, surge um novo conceito de lazer, e a Lagoa da Pampulha vê nascer, nas suas beiradas, novas construções inspiradas na morfologia curvilínea da orla. [MÚSICA ANIMADA - JAZZ: SING, SING, SING] [ROLETA DE CASSINO] A primeira das edificações a serem construídas foi o Cassino, em 1943, [SOM DE SALÃO CHEIO] “uma das principais atrações turísticas de Belo Horizonte. É aqui que milionários fazendeiros apertados em smokings, mulheres elegantes, com carros modernos e importados e motoristas uniformizados, encontravam-se para desfrutar dos prazeres e riscos do jogo”. Quem quiser se divertir nas noites belo-horizontinas, mas sem arriscar o bolso, pode i r para a Casa do Baile onde o povo se divertia ao som do jazz e do swing! [MÚSICA ALEGRE - JAZZ: CHATTANOOGA CHOO CHOO] O moderno complexo arquitetônico não podia dar as costas à tradição religiosa do mineiro e, assim, a Igreja São Francisco de Assis é inaugurada em 1943. Talvez a sua marca mais característica, seja a poesia do seu telhado, cujas ondas parecem que foram tiradas do próprio horizonte da cidade… [MÚSICA INSTRUMENTAL - VIOLA] Quantas linhas, quantas texturas, por quantos caminhos e descaminhos temos andado até chegar aqui… E quanto ainda nos falta por percorrer… Será que todos estão incluídos nessa cidade? Será que ela é acessível aos mais variados coletivos? Quais histórias encontram-se escondidas pelo asfalto? Outras páginas serão escritas nessa história e, para isso, precisamos de sua ajuda… [ MÚSICA MELANCÓLICA - MILTON NASCIMENTO: TRAVESSIA]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    Mas que viagem maravilhosa, não é mesmo? Muito bom poder vivenciar esse início da nova capital, da capital de todos os mineiros. Todos? Será que todos estão incluídos nessa cidade? Eu fiquei sabendo de um absurdo daqueles. Temos notícias de que um arcebispo, arcebispo dom Antônio dos Santos Cabral, tenta apagar da nossa história a nossa herança de matriz africana: os reinados, congados… Mas ainda bem que vemos uma resistência. Eu tenho certeza que daqui a cem anos ou mais e mais teremos a beleza e a força dos reinados, dos congados, não só na capital, na cidade do mais belo horizonte, mas em todas as cidades... Todas as Minas Gerais. Agora em parceria com a revista Faces [MÚSICA - SAMBA: NO RANCHO FUNDO], hora de saber o que está na boca do povo, o que está na boca da gente. A talentosíssima cantora mezzo-soprano, Maria d’Apparecida retorna ao Rio de Janeiro para se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a ópera Carmen, de Bizet. Carioca, Maria d’Apparecida saiu do Brasil para tentar a carreira na Europa, depois de ouvir uma dura recusa de um certo ítalo-brasileiro, que lhe disse “Maria d’Apparecida, você tem uma bela voz, mas é negra. E negra não entra no Municipal”. Pois veja que ironia do destino! D’Apparecida, hoje aclamada nos palcos da Europa, retorna ao Brasil para entrar no Municipal de modo triunfal! Hahaha! Mas que ironia! Não é mesmo meus queridos ouvintes? Essa eu tenho que rir! Veja só: esse ítalo-brasileiro se deu mal, hein? Vê se pode uma coisa dessas: recusar Maria D’Apparecida. [MÚSICA ALEGRE] Agora, ela está de volta, com sua voz mais bela do que nunca - com seu talento fenomenal. Vamos agora de notícia nacional, aqui, na Memorialística. 1934 é um ano histórico para a política brasileira que j á não será mais a mesma! A médica, Carlota Pereira de Queirós, é a primeira mulher eleita deputada federal pelo Estado de São Paulo. Outra mulher está deixando sua marca na cena política de Santa Catarina: Antonieta de Barros, jornalista e professora, filha de ex-escravizada, poderia se tornar a primeira mulher negra a assumir um mandato político. Na sua l uta pela emancipação feminina, a política afirmou ao Jornal Republicano que “A alma feminina se tem deixado estagnar, por milhares de anos, numa inércia criminosa. Enclausurada por preconceitos odiosos (...) a mulher tem sido, de verdade, a mais sacrificada metade do gênero humano”. Sem dúvida, Carlota e Antonieta estão continuando o legado da bióloga e ativista feminista, Bertha Lutz que, anos atrás, liderou o movimento pelo voto das mulheres no país. Nossa! Que notícia maravilhosa, não é mesmo? Carlota e Antonieta. Vamos, sim, deixar de ser preconceituosos, povo brasileiro! Elas vão ocupar cada vez mais os seus espaços e, no futuro, teremos cada vez mais mulheres na política brasileira. [MÚSICA ALEGRE - CHORO: UM A ZERO] Antes de falarmos sobre esportes, é importante comentar sobre essa música, esse tema musical, essa música que foi composta por Pixinguinha em homenagem à Seleção Brasileira que venceu o Uruguai na final do campeonato Sul-Americano, de 1919. O gol foi... de quem? Sabe de quem foi esse gol? 1 a 0, esse gol foi Arthur Friedenreich que foi carregado nos ombros se tornando o primeiro craque do futebol brasileiro. E temos o orgulho de dizer: o primeiro craque do futebol brasileiro é negro! Viva Pixinguinha! Viva Arthur Friedenreich! Vamos agora às notícias dos esportes. Ontem, no dia 17 de abril de 1921, aconteceu a primeira… primeira partida entre Atlético Mineiro e Cruzeiro. Olha… dizem que tem tudo para ser uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro e mundial. O jogo aconteceu no Prado Mineiro, às 14 horas, na preliminar de América Mineiro e Lusitana. As partidas fizeram parte do Festival da AMCE - Associação Mineira de Cronistas Esportivos. O Cruzeiro dominou a partida e venceu por três tentos a zero. Você sabe quantas pessoas estiveram presentes? Mil e quinhentas pessoas. Vamos, agora, à narração do terceiro gol… Toca o Cruzeiro mais uma vez para o ataque com Lino. Toca para Spartaco no meio de campo. Corta Coutinho para o Atlético. Recupera a bola Kalim para o Cruzeiro. Desce Kalim. Desce Kalim que toca para Spartaco que toca para Atílio. Atílio para Nani. Chuta e é gol!!! Segura o Zeca! Segura o Zeca! Gol! Gol! Gol! Gol! Gol! Gol! Goooool do Cruzeiro! Uma jogada espetacular com uma arrombada de bola incrível. O pleno Cruzeiro não perdoa e Nani manda a bola para os fundos das redes. O Cruzeiro amplia o marcador, aqui, no Prado Mineiro. Bola no barbante de Valter! [MÚSICA ANIMADA - JAZZ] Eh… minhas amigas, meus amigos, lembrando a todos vocês que a Memorialística AM 640 é um projeto realizado pelo Educativo do Memorial Minas Gerais Vale. Como foi bom viajar com todes vocês! Desde os primórdios das Minas até a nova capital, a cidade moderna. Até a próxima e vamos de música, aqui, na Memorialística. [MÚSICA ANIMADA - JAZZ]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    [PESSOAS CAMINHANDO] Não muito distante de uma dessas cidades, tomamos um caminho mais rústico que [CANTO DE PÁSSAROS] a estrada que leva à Vila do Príncipe. Vemos algumas capoeiras, restantes daquelas matas virgens que agora remanescem entre grandes espaços cobertos com capim gordura e algumas árvores. Nesse andarilhar, logo após sair da Vila, [MÚSICA SUAVE] algumas chácaras vão surgindo aqui e acolá. Como pinceladas de cor, os pomares dos seus quintais oferecem uma paisagem alegre ao nosso olhar: laranjas, pêssegos, abacaxis, goiabas, jabuticabas, bananeiras, mamoeiros. Situados sempre atrás das casas, esses jardins eram uma extensão praticamente natural da cozinha onde a hospitalidade mineira começava a ganhar fama. Mas, essa hospitalidade é para todos? [MÚSICA MELANCÓLICA] Nem sempre… Às vezes, o coração da casa, como um santuário, era apenas reservado para as mulheres e os visitantes estavam impedidos de assomar: é de péssimo tom entrar nesses espaços, mesmo que seja para oferecer ajuda. Por que sentimos, no ar, certa desconfiança? Durante o dia passamos por habitações menores acompanhadas por plantações de milho e algodão intercaladas por restos de matas queimadas, cujo terreno cinzento ia sendo ocupado pelo capim e ipês de troncos ainda muito finos. A paisagem contava com algumas matas nas íngremes ladeiras que formavam os morros e o terreno alto e ondulado faziam o fundo do que enxergamos nas margens da estrada empoeirada de terra. [VIOLA] [SOM DE ÁGUA CORRENTE] Estão conseguindo escutar esse sussurro? De longe, é possível ouvir o correr de algum rio e a constante algazarra de pássaros, cujos piados ecoavam entre os morros [SONS DE PÁSSAROS]. [MÚSICA AGITADA] Enfim, ao cair da tarde chegamos ao nosso destino: Ah, a sede da fazenda, [PESSOAS CAMINHANDO] aquela propriedade rural com grande importância econômica. Será que é aquela que nós já conhecemos? Vamos dar uma espiada! [MÚSICA DE SUSPENSE] Vários são os elementos que compõem a arquitetura rural: o moinho de milho, o curral de ordenha, a tulha e o paiol para armazenamento, a casa de máquinas ou serraria, o engenho de açúcar; diversas construções de madeira, pau a pique ou pedra, que conformam um núcleo, uma área protegida que se moldava à topografia do terreno. [MÚSICA MELANCÓLICA] [SONS DE PÁSSAROS] De forma independente, surge a casa do colono ou “casa-grande”. Algumas são de aspecto rústico, [MÚSICA SUAVE] com paredes às vezes pintadas de branco sem nenhum adorno. Outras já trazem ostentação nos seus muitos móveis ou nos forros pintados. No entanto, todas tinham uma coisa em comum: a função de cada um dos seus cômodos estava bem delimitada [VIOLA].] Existia o setor de serviços, como a cozinha e depósitos; havia aqueles quartos destinados apenas à família, era o domínio do íntimo, enquanto outros estavam destinados ao “convívio com estranhos”. [VIOLA] Entre as refeições e tertúlias na sala, havia tempo para o recolhimento da prece nas capelas domésticas ou oratórios, tudo dependia da burocracia eclesiástica para a sua consagração. Mas sabem qual era a passagem entre um mundo e o outro, aquela espécie de limbo entre a incerteza da estrada e a estabilidade do lar? A varanda: aquele espaço [MÚSICA ALEGRE] que, a depender da região, pode ficar bem ao meio da fachada da construção ou ocupá-la totalmente, mas sempre é o seu cartão de visita. Um lugar arejado, onde, normalmente, se recebe visitantes ou se detém para contemplar. No entanto, nem tudo na fazenda provoca certo ar de romantismo: ela também tem seu lado de dor, luta e resistência. [MÚSICA MELANCÓLICA] Junto com as “casas-grandes”, uma outra construção nasceu: a “senzala”, palavra quimbunda que significa ‘lugar de habitação dos indivíduos de uma família’, ou ‘morada separada da casa principal’. Era uma construção coletiva que abrigava, precariamente, a principal mão de obra das fazendas: [HOMEM CANTANDO] os escravizados. Logram imaginar o que era, depois de uma árdua jornada de trabalho, ser trancado nessa construção, sem banheiro e nem cozinha, durante toda a noite para evitar a fuga? Mas, quem conseguisse, outra realidade lhes aguardava, talvez não menos difícil, mas sim libertadora: [MÚSICA ALEGRE] escondidas no meio do mato, comunidades de negros e negras buscaram resgatar suas raízes e sua condição humana - valores que a sociedade escravocrata buscou estirpar deles. Assim, surgiram os quilombos ou mocambos, como o de São Bartolomeu ou Caza Branca: aqueles esconderijos que significaram o maior símbolo de resistência à exploração e ao cativeiro. E as comidas? Como era a mesa do fazendeiro? [VIOLA] Geralmente, galinha e porco eram as proteínas que não podiam faltar. Algum acompanhamento? Claro! Quiabos, angu, arroz, couve e feijão preto: indispensável para a mesa do rico, mas manjar para a do pobre. Outros víveres também tinham caráter de luxo: perante a falta de manteiga, se utilizava a gordura do toucinho que se frita; o pão, suntuosa iguaria, era substituído por farinha de milho. E a sobremesa? Vai ter? Aguardem! A Província das Minas é conhecida, justamente, pela grande quantidade de doce que aqui se consome. Doces esses de textura mais pastosa, de frutas que sobram nos pés dependendo da época do ano, e feitos com muito açúcar. A quantidade é tanta, que mal se consegue identificar o sabor da fruta, ou diferenciar os doces e sabores. Porém, a rainha de todo fim de refeição mineira é a canjica. Nas fazendas também há sempre alguma criação de gado, que fornece o leite que, sobrando, é transformado em queijos frescos, que podem ser comidos com doces e geleias de frutas. Mas, está faltando uma das coisas mais características da gastronomia mineira: [MÚSICA ALEGRE] o café. Na verdade, ele foi introduzido nos primeiros anos do século XIX: o que iniciou como curiosidade introduzida pelos tropeiros, acabou sendo o protagonista das grandes fazendas do Sul de Minas e, principalmente, [MÚSICA MELANCÓLICA] da Zona da Mata mineira, a produção cafeeira começou a encher as arcas da receita fiscal do estado, sobretudo a partir de 1880. É nessas elites cafeicultoras que encontramos os “republicanos” que começaram a protagonizar a política mais moderna de finais do século: doutores, advogados e profissionais liberais que começaram a ocupar a esfera administrativa formavam parte das redes desses famosos coronéis: homens, brancos, latifundiários que deram o tom dos interesses que ecoavam nas cidades do século XX, bem diferente daquelas paisagens bucólicas das suas fazendas e seu ar de calmaria. [VIOLA] A virada do século está logo ali! Na região central de Minas surgirá uma nova capital cheia de referências aos ideais e discursos que atravessam este novo século. Será que é o mesmo mundo de ontem? O tempo é outro? A brisa moderna adquire um ritmo mais acelerado, transformando-se numa ventania que está tomando conta de nós. Ou, como diria um leopardo: "Teremos que sofrer uma iminente metamorfose?" “Algo deve mudar para que tudo continue como está?”. Que maravilha de viagem, não é mesmo? E eu fico pensando, o que será que [VIOLA] podemos esperar desta nova capital? [PIANO] ]E temos mais notícias aqui na Memorialística! “As notícias voam minha gente! Neste 1864, cientes da Proclamação de Independência assinada pelo presidente estadunidense Abraham Lincoln, assim como dos projetos emancipatórios latinoamericanos, escravizados da comarca mineira do Serro rebelaram-se em favor da sua liberdade. Tamanha foi a insurreição que a polícia demorou mais de dois meses em desarticulá-la. O carpinteiro José Cabrinha junto com Adão e Nuno foram reconhecidos como os articuladores principais. Sinal desses tempos em que os rumores correm longe!" Eu torço para que um dia a liberdade, a independência, chegue a [TAMBOR] todos os países da américa latina, todos! E agora o noticiário internacional. [SOM DE NATUREZA] Queridos ouvintes parece que os livros de geografia não param de mudar, pois os mapas dos nossos hermanos continuam a ser modificados. Durante um quartel de século a américa latina travou vários embates contra a Espanha na busca por se libertar do poder colonial. Desde 1850 vários tratados de reconhecimento dessas independências vem sendo assinados entre os novos países e Espanha. Os dois últimos foram com Nicarágua e Costa Rica e parece que o próximo será com a Argentina. Como eu já disse eu torço pela independência de todos os países da américa latina, dos nossos hermanos também. Vamos observar, vamos ficar atentos, qualquer novidade você ficará sabendo aqui na Memorialística. [MÚSICA ALEGRE] E agora, mais uma vez em parceria com a Revista Faces vamos ficar sabendo o que tá na boca do povo, o que tá na boca da gente. Olha! Eu estou bastante preocupado, bastante preocupado com os boatos, porque pra mim é um boato, que estão dizendo por aí. Estão insinuando que o nosso queijo Minas, o nosso queijo, o único, não é mineiro! Vê se pode dizer uma coisa dessas? Dizem que foram lá nos Açores, lá pelas bandas de Portugal e descobriram uma região em que se faz um queijo que é muito parecido com o nosso queijo. Eu não concordo! Isto é uma falácia! Não há outro queijo igual, sequer parecido no mundo, tá bom? Com nosso queijo Minas, é um absurdo esse boato! Eu vou até comer um pedaço aqui agora do nosso queijinho, tá? [GEMIDOS] Óh! Tá vendo? Que beleza, mas é muito bom mesmo, é bom demais! Você não pode perder a nossa próxima viagem, aqui na Memorialística AM 640. [MÚSICA ALEGRE]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    Continuação legenda descritiva: E agora, como será o teatro? [MÚSICA ANIMADA] A rua era o seu lugar… Alí, entre espectadores e curiosos, as peças teatrais, como as sátiras, propunham uma realidade paralela. Ora, quem poderia entrar à Casa da Ópera? Não sei se todos, mas, quem conseguir bisbilhotar, verá não apenas a encenação acontecendo no palco [BURBURINHOS], mas nos camarotes, onde gestos, vestes e objetos intercambiam sinais e fuxicos. [MÚSICA LENTA EM CORO] O prelúdio desse espetáculo já podia ser visto no andar dessas sinuosas, estreitas e íngremes ruas. Encontramos trajes de todas as cores, formas, materiais e texturas que definem os diferentes personagens que adornam os caminhos urbanos. [MÚSICA] Esbarramos com os alferes, como o Tiradentes, como com seus casacos acolchoados nos ombros e abotoados na cintura; ou com as figuras da classe mais alta: homens utilizando foulards e o chapéu de três pontas cobrindo parte das perucas de cabelos naturais, e mulheres, como a Bárbara Heliodora ou a Marília de Dirceu, com os mais variados acessórios: leques e sombrinhas enfeitadas com bordados de seda. [CANTO À CAPELA] E esse som? O quê é? É o cortejo do Congado embelezando as vielas com as suas procissões rumo à Igreja da Nossa Senhora do Rosário. Negros, levando o estandarte, abriam o préstito; seguiam-se outros levando as imagens do Salvador, de São Francisco, da Mãe de Deus, todas pintadas de preto; vinha depois a banda de música dos pretos, com capinhas vermelhas e roxas, todas rotas, enfeitadas com grandes penas de avestruz, anunciando o regozijo, ao som de pandeiros e chocalhos, de ruidoso canzá e da chorosa marimba; [CORO À CAPELA] marchava à frente um negro de máscara preta, como mordomo, de sabre em punho; depois, os príncipes e princesas, cujas caudas eram levadas por pajens de ambos os sexos; o rei e a rainha do ano antecedente, ainda com cetro e coroa; e, finalmente, o real par, recém-escolhido, [TAMBORES] enfeitado com diamantes, pérolas, moedas e preciosidades de toda espécie, que haviam pedido emprestado para essa festa; a rabadilha do séqüito era composta da gente preta, levando círios acesos ou bastões forrados de papel prateado. Mas os tempos mais efervescentes da vila não durariam muito. Sobrariam depois as feridas no solo e nas gentes e suas gerações futuras que ocupariam este sítio. [MÚSICA ANIMADA] Mesmo na decadência ainda veria no escultor Antônio Francisco Lisboa, o mestre Aleijadinho, a capacidade de fazer da pedra poesia e mensagem de fé. [MÚSICA LENTA] Falando em fé, deve haver algo de alegórico naquela história que contam, faz muito tempo... Nas noites frias da antiga Vila Rica a igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de cima se acende toda. Os fiéis todos vestidos de preto e o padre que reza a missa virado para o altar, quando se volta para os fiéis é possível perceber que no lugar do rosto [SINOS] há somente uma caveira. Será isso o sinal de um novo capítulo na história das Minas? O que essa Missa dos Mortos tem a nos a dizer? Será um novo renascer? Só o próximo despontar do Sol nos dirá… [MÚSICA ANIMADA] Chegou o momento de saber o que tá na boca do povo, o que tá na boca da gente. Uma parceria entre a Revista Faces e a Memorialística: O que andam dizendo por aí. Temos uma ótima notícia! É a Residência artística em Congonhas [MÚSICA ANIMADA]. A prefeitura contratou o mestre Antônio Francisco Lisboa, notoriamente conhecido como Aleijadinho, para realizar a maior obra artística da capitania de Minas Gerais. Segundo os últimos croquis, serão dois imponentes projetos de esculturas: os 12 profetas, de pedra sabão, estarão destinados nas escadarias do santuário e os Passos de Cristo, em madeira, estarão distribuídos em pequenas capelas no morro. Enviem seus portfólios! Você que é artista não pode perder essa oportunidade. Essa residência artística com Aleijadinho será com certeza uma maravilha. Noticiário internacional! [MÚSICA SUAVE DE FUNDO] Atenção ouvintes! Acaba de chegar a notícia, que provavelmente será a mais importante desse 1º de janeiro de 1804; O Haiti, país colonizado pela França, finalmente conquistou a sua independência, esta feita por escravizados, é sem dúvida a maior revolta bem-sucedida no mundo colonial. Meus parabéns ao povo haitiano por esse grande feito! [MÚSICA SURGINDO] Como foi bom viajar novamente por essas vilas, não é mesmo? Olha, eu já estou ansioso para a nossa próxima viagem. Você vai com a gente, não vai? Vamos agora de música e você não se esqueça, você está na Memorialística AM 640. [MÚSICA - CHICA DA SILVA]

  • @memorialvale
    @memorialvale3 жыл бұрын

    [BERIMBAU, FLAUTA E PÁSSAROS] A audaciosa viagem até Vila Rica podia levar entre 12 e 20 dias, passando por ladeiras íngremes e escorregadias, que eram banhadas durante as noites de lua por brancas neblinas. [ONÇA E TAMBOR] Ora, [PÁSSAROS] cruzar a Serra da Mantiqueira podia se tornar ainda mais fatigante durante a estação de chuvas quando o aguaceiro não dava trégua e as estradas desapareciam junto com os pés dos viajantes na lama e no barro. [INSTRUMENTO MUSICAL] Entretanto, [NATUREZA] quando o clima o permitia, cabia uma paragem para uma refeição. Assim, "os escravos armavam um tripé de varas ficando no chão e penduravam nele o caldeirão de ferro [FOGUEIRA] no qual as mulheres misturavam o angu mole ou duro, o feijão fervido com bastante sal e banha derretida, ovos fritos, pedaços de linguiça e lombo, torresmo, farinha, cebola, alho, salsa e muita, mas muita pimenta". Vocês reconhecem essa iguaria? Pois é, "eram os primórdios do feijão-tropeiro". E daquelas atribulações... vocês esqueceram? Não é uma viagem fácil, abrindo caminho no meio do mato, por toda parte, acham-se bolas de carrapatos penduradas das árvores prestes a caírem sobre as cabeças dos viajantes. [MÍSTÉRIO E SUSPENSE] Mas os perigos não vem apenas da natureza, pois as trilhas estão repletas de "brancos vadios, capangas, caçadores de escravos fugidos, negros quilombolas e quadrilhas de salteadores de estradas". Ao mesmo tempo, [TIROS DE ESCOPETA E PISTOLAS ANTIGAS] a escassez de alimentação era uma adversidade sempre possível e fácil de acontecer e, para evitar a morte, [ANIMAIS] qualquer animal ou bicho, podia virar comida: desde lagartos, cobras e ratos até insetos, inclusive, os venenosos “bichos-de-taquara, um grande verme branco que se encontra no interior dos bambus”. [MÚSICA INDÍGENA LENTA] Ora, nem tudo é sofrimento e medo nos caminhos das Minas setecentistas, elas também nos dão presentes cheios de cores, linhas e texturas sumamente idílicas [SP]. Assim, no nosso percurso encontramos uma pequena vila chamada Redondo com um panorama “encantador”, como relata o viajante Richard Burton: [VOCAL E TAMBOR] (...) Além do primeiro plano de floresta e capim verde rompendo fortemente o chão de vermelho ocre, cor aqui chamada de sangue-de-boi, abre-se um vale de encosta e solos regulares, erguendo-se muito além até chegar a uma pedra rude que domina o ar. Esta serra, agora para nós ao oriente e norte, é chamada em alguns mapas serra de Deus te Livre - certamente pelos perigos de suas veredas. É mais conhecida como serra do Ouro Branco, de uma cidade no seu principal caminho. - vemos a sua linha branca em meio das encostas, entre Barbacena e Morro Velho. O monte principal fica por muito tempo à vista, mas uma curva do caminho nos ocultava este sítio. [NATUREZA, GRILOS E CIGARRAS] À beira desses caminhos e descaminhos, cercados por morros de sinuosas montanhas, rústicas jóias citadinas, tingidas de Barroco, começaram a nascer. Vamos passar por uma delas? [MÚSICA LENTA DESAPARECENDO]. Chegou o momento de saber o que está na boca do povo, [MÚSICA] o que está na boca da gente. Em parceria com a revista Faces, o que andam dizendo por aí! Já temos um príncipe e, melhor ainda, ele é culto, intelectual, dizem até que é astrólogo, astrologo? Faz previsões e tudo mais… Mas… parece que o príncipe não é muito bem de saúde… A SAÚDE DO PRÍNCIPE - Não perca na próxima edição de FACES! Informe publicitário! “Cansado de trocar uma galinha por um punhado de açúcar? Cansado de carregar barras de ouro [GALINHA] e chegar em casa, finalmente sem quebrar os ovos do mercado? Agora, com uns poucos florins no bolso, [SINOS] você já pode levar o cavalo pra casa! A primeira moeda cunhada no Brasil! Ouro de guiné, padrão Europeu e a Cara do BRASIL! O que um cerco não faz né minha gente? A PRIMEIRA MOEDA DO BRASIL! Se um Jimbo faz a festa, um florim é Carnaval! A Jeribá não vai faltar. Florim do BRASIL!!”. Agora vamos ouvir um pouco de música e daqui a pouco estamos de volta. Não saiam daí, você está na [MÚSICA BARROCA] Memorialística AM 640. [MÚSICA DE MILTON NASCIMENTO] [RÁDIO SINTONIZANDO]

  • @ivonezouainzuppo8085
    @ivonezouainzuppo80854 жыл бұрын

    Impressionante a serenidade da Conceição Evaristo quando fala das desigualdades sem aquela costumeira agressividade . Adorei conhecer esta grande mulher

  • @mariliadecastro2190
    @mariliadecastro21904 жыл бұрын

    Boa conversa

  • @pollianeeliziario8355
    @pollianeeliziario83554 жыл бұрын

    Conversa ótima! Vale a pena demais!

  • @MaLeZu
    @MaLeZu4 жыл бұрын

    Conversa de alto nível e leve. Recomendo.

  • @RonaldoGazel
    @RonaldoGazel6 жыл бұрын

    Excelente, essa artista é incrível.

  • @claudiobarros4547
    @claudiobarros45476 жыл бұрын

    muito bom ,amo esse som !!!

  • @maxwellsouza8659
    @maxwellsouza86596 жыл бұрын

    26:25 sem palavras !!!

  • @tiagobarbosa7003
    @tiagobarbosa70036 жыл бұрын

    Foda! Desconstrução total 👏

  • @MarceloParauapebas
    @MarceloParauapebas9 жыл бұрын

    É o melhor museu do circuito!!!

  • @AstrologicamenteCorreto
    @AstrologicamenteCorreto10 жыл бұрын

    Que bacana!!! Linda iniciativa!