Vai chegar o dia em que a minha casa estará sempre limpa, os brinquedos já não estarão mais espalhados pela sala e nada mais estará fora do lugar.
Vai chegar o dia em que não haverá mais balanços para empurrar, nem parquinhos para visitar.
E não terão mais pequenos braços escalando as pernas e pedindo por abraços!
Nesse dia, as almofadas se manterão no sofá, e as paredes brancas se manterão brancas, sem marcas de pequenas mãos ou riscos de giz, colorindo o nosso lugar.
Chegará o dia em que não existirão gritos de medo de escuro, assombrações ou fantasmas do além, nem chamados urgentes de “Mamãe!” ‪às 2h‬ da manhã. A casa ficará tranquila e a ida ao super mercado será menos emocionante, e mais barata também.
Não haverá mais contas de subtração para ensinar e nem primeiras palavras para comemorar. E as pinturas de mãos e pés espalhas pela casa se tornarão apenas lembranças.
Não haverá mais gritos de “Estou com fome”, “Estou com sede”, “Estou entediado”, e berros estridentes, vindos do banheiro, implorando pela toalha que esqueceu de levar. O sono não será interrompido, o café se manterá quente, a leitura estará sempre em dia. A ida ao banheiro será solitária e o vazio pela casa se transformará em saudade.
Chegará o dia em que vou esperar eles voltarem para casa e eles não chegarão.
Mas hoje ainda não é esse dia.
Hoje, a casa ainda está bagunçada, os brinquedos estão na sala, o grito ainda se faz presente, o riso invade a casa inteira. As cores estão por todo canto, e os abraços ainda estão ao alcance dos braços.
Hoje, o coração está completo.
Hoje ainda é o nosso dia.
Texto de Ananda Urias (‪@MaeziceBlog‬ )