Tesoura de vento? Como assim, tem uma tesoura no céu? E o que é que ela corta?
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Isaac Newton, um dos maiores físicos que já existiu, uma vez, muitos séculos atrás, escreveu a um colega: “Se eu vi mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes.” Com essa bela alegoria, ele passou a sua gratidão a todos que contribuíram para que ele chegasse a descrever, pela primeira vez com precisão, vários fenômenos naturais, da ótica à gravidade, e escrevesse seu nome na História.
Da mesma maneira, cada vez que um piloto evita ou sai inteiro de um encontro com uma Tesoura de Vento, ele também está se apoiando nos ombros de gigantes, nos inúmeros aprendizados que tivemos com quem pereceu enfrentando esse fenômeno natural e com os cientistas e pilotos que finalmente o decifraram.
Com o início da era do jato, nos anos 1950, os aviões começaram a voar para lugares cada vez mais longe, e a enfrentar condições atmosféricas e fenômenos meteorológicos cada vez mais severos. A relação é clara: com ventos de 25 nós, ou cerca de 45km/h, a maioria dos aeroclubes e escolas de aviação dificilmente faria mais do que aulas teóricas, e todos os aviões estariam amarrados no pátio, com os voos cancelados. Já num aeroporto movimentado, a vida seguiria normalmente, com aeronaves chegando e saindo a cada instante. E como a gente não sabe o que a gente não sabe, nas décadas de 1960 e 1980, aconteceram vários acidentes e incidentes que não eram totalmente compreendidos pela comunidade aeronáutica. Afinal, aqueles novos aviões a jato pareciam quase invencíveis, voando duas vezes mais rápido e levando três vezes mais passageiros que seus antecessores a pistão. Mas alguma coisa não estava certa: em situações muito específicas, eles ficavam sim vulneráveis. E foi depois de um acidente com um Lockheed L-1011 Tristar em Dallas em 1985, um dos três encontros fatais com esse fenômeno em menos de duas décadas, que vários membros da indústria e academia se juntaram numa pesquisa de sete anos que levou às tecnologias que temos hoje. Um Boeing 737 da NASA baseado em Langley, e equipado com radares doppler e sensores infravermelhos, saiu em busca de decifrar e criar equipamentos e procedimentos para tornar os encontros com as tesouras de vento algo que as tripulações pudessem prever, identificar e agir de acordo para que um acidente não acontecesse. Durante o período da pesquisa, a aeronave e sua equipe voou de encontro a mais de 70 microbursts, do Colorado até a Flórida, e os dados recolhidos e a validação dos mesmos foi fundamental para a segurança que nós temos hoje na aviação.
Mas o que é um microburst? Bom, primeiramente, vamos entender o que é uma tesoura de vento, em geral.
Dá um play pra descobrir mais sobre esse fenômeno tesoura de vento.
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