Castelo de Palmela, o guardião do Sado
De bastião muçulmano a pilar da fé cristã, o Castelo de Palmela ao longo da sua história, foi palco de diferentes protagonistas até se transformar na casa da Ordem de Santiago.
A leste das serras da Arrábida e de São Luís, o Castelo de Palmela é claramente visível a partir de Lisboa em dias límpidos. Implantado na serra do Louro, a 238 metros de altitude, domina para sul o estuário do Sado.
Além do seu fantástico património natural e paisagístico, a serra da Arrábida possui um dos mais belos castelos de Portugal: o Castelo de Palmela. Imponente e possante, é herdeiro de uma história milenar que começou a escrever-se nos séculos VIII, IX e X.
Os primeiros momentos da história deste espaço remontam aos primórdios da ocupação muçulmana na Península Ibérica. Com efeito, o castelo ou hisn estrategicamente edificado no topo da serra, era constituído por uma muralha defendida por seis torreões. Esta construção primitiva sofreu uma ampliação nos séculos X-XI, imediatamente a seguir ao momento em que a família berbere dos Banu Dânis se estabeleceu em Alcácer do Sal e começou a controlar a região.
Neste período, o castelo estender-se-ia para poente e, no seu interior, haveria de nascer uma mesquita. Ao ter conhecimento da conquista das cidades de Lisboa, Almada e Sintra, em 1147, a comunidade muçulmana ali residente abandonou o castelo e refugiou-se em Alcácer do Sal. Dom Afonso Henriques conquistaria assim Palmela sem derramar uma gota de sangue.
Juntamente com as fortificações de Palmela, Almada, Sesimbra, Canha, Samora Correia, Arrábida, Mouguelas e Cabrela, Setúbal e Coina-a-Velha, este castelo integrava um sistema defensivo de vigilância e barreira de acesso do Sado e dos acessos a Lisboa e ao Tejo.
Consciente da importância estratégica de Palmela, Dom Afonso Henriques concedeu-lhe foral em 1185. No ano seguinte, Dom Sancho I doou os castelos de Palmela, Alcácer do Sal e Arruda à Ordem de Santiago. Os freires escolheram Palmela para instalarem a sua sede até 1191, ano em que a praça foi recuperada pelos muçulmanos. Esta ocupação terminou em 1194, quando o castelo regressou às mãos dos freires de Santiago. Em 1217, a sede seria transferida para Alcácer do Sal.
O castelo foi de novo escolhido para sede da ordem em 1443. A partir de então, a estrutura sofreu muitas obras de beneficiação, entre as quais a construção de uma igreja eo palácio do prior. Conservou a alcáçova militar separada de um reduto fortificado inferior, um albacar onde se rasgava a porta de acesso a todo o recinto amuralhado.
Uma das mais importantes reformas cristãs viria a ser a construção da torre de menagem, no limite noroeste da alcáçova. Edificada possivelmente no reinado de Dom Dinis com reforma no tempo de Dom João I, a torre assegurava a defesa da porta e dos recintos.