Cordialidade brasileira mascara violências com afetos I Paulo Niccoli Ramirez

Entrevista produzida em parceria com a Revista PB. Conheça: revistapb.com.br/
O que você vai encontrar nesse debate:
0:00 - Abertura
2:00 - Como observar os realces cotidianos do Brasil à luz da antropologia do estranhamento?
5:26 - O que podemos entender das cidades brasileiras, também à luz desse estranhamento que permeia as relações cotidianas?
6:52 - A ideia do estranhamento passa sempre pela figura de um outro diferente. Que lugar esse diferente ocupa nas relações do Brasil?
9:00 - Nessas posições paralelas num país desigual como o nosso, há pessoas que têm mais capacidade de estranhar e pessoas que são mais “estranhadas”?
11:37 - Um dos conceitos mais importantes para pensar o Brasil contemporâneo é o racismo estrutural, ao passo que a antropologia do estranhamento está relacionada também a esse “quem é estranhado e quem estranha”. Como fazer uma ponte entre essas duas ideias?
14:10 - Essa incapacidade de reconhecer o outro tem saída?
15:10 - Como você observa o processo de politização popular que o Brasil enfrentou a partir de junho de 2013?
20:17 - Você também esmiuçou o conceito clássico do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda, escrito nos anos 1930. O que tem de atual nessa ideia?
23:10 - O que a confusão sobre o conceito do homem cordial, muito presente ainda, diz sobre a nossa interpretação?
25:13 - Qual é a diferença entre o homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda e a interpretação que ficou conhecida desse homem?
27:01 - Como a cordialidade impacta as relações que se dão no estranhamento?
29:40 - Se o brasileiro não é necessariamente cordial, o que ele seria?
Inscreva-se no canal!
Para saber mais, acesse: revistapb.com.br
Instagram: @pbrevista
*Entrevista gravada em 6 de junho de 2023
O conceito de homem cordial, cunhado pelo sociólogo Sérgio Buarque de Holanda em "Raízes do Brasil", de 1933, é objeto de confusão até os dias de hoje. O motivo está na palavra, que, em uma leitura superficial, indicaria que os brasileiros são, em essência, bondosos e benevolentes.
Para o professor Paulo Niccoli Ramirez, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), trata-se de uma pretensão antes de um fato. Na verdade, segundo ele, o argumento de Sérgio Buarque era mais visceral. Na visão de Ramirez, o Brasil era um país que conseguia mascarar suas violências mais profundas (como o racismo) por meio dos afetos.
Ainda de acordo com o docente, que também ministra aulas na Casa do Saber, o homem cordial é o que consegue esconder as mazelas e os preconceitos que se materializam na vida prática para "debaixo do tapete". Assim, na superfície, ficam apenas relações aparentemente democráticas ou afetuosas - como o fenômeno de empregadas domésticas que, sem direitos trabalhistas, são consideradas "parte da família".
Em entrevista à Revista Problemas Brasileiros (PB), uma realização da FecomercioSP, Ramirez argumenta que as cidades brasileiras são ilhas de tolerância em um país ainda profundamente marcado por lógicas de aversão às diferenças entre as pessoas. Dessa forma, enquanto em ambientes não urbanos as populações negras e LGBTQIAPN+ sofrem violências mais robustas, essa experiência é um pouco mais suavizada nas metrópoles e nos contextos urbanos.
#PauloNiccoli #Política #Socidade #Brasil #CanalUMBRASIL #RevistaPB

Пікірлер: 2

  • @edsonbarrossantos4213
    @edsonbarrossantos42139 ай бұрын

    Bem, vocês são jovens. Vi nascer, anos setenta, como professor na USP, este modismo de usar o verbo pensar como transitivo direto e não indireto como era seu uso até então. Como médico que sou, sei que pensar como transitivo direto significa colocar um penso, fazer um curativo. Fico horrorizado ao ouvir "pensar o Brasil". Mas, pensando bem, seria muito bem pensado, colocar um penso neste país que não pensa!

  • @lyrion.ararangua
    @lyrion.ararangua11 ай бұрын

    Leitura de modo geral muito boa. Pena que é mais um que coloca o MBL no pote do bolsonarismo (extrema-direita), evidenciando que não acompanha as ações dos parlamentares e do movimento de forma geral. Como você mesmo trouxe minutos depois: a fragmentação do perfil dos defensores de determinada pauta faz com que quem vê de fora fique confuso. Exato! O sr se confundiu e colocou o MBL num lado que não é. Bolsonarismo é essa tal extrema-direita, enquanto o MBL é um movimento de atuação na centro-direita.

Келесі