O conceito de poder: dispersão ou concentração social e institucional?
Na obra de maturidade de Marx o poder político nas sociedades de classe é o poder de uma parte da sociedade, a classe dominante, sobre outra, a classe dominada, e esse poder é exercido, fundamentalmente, por intermédio da instituição do Estado. Logo, para o marxismo, o poder está concentrado no plano social e no plano institucional. Desde o final do século passado e em polêmica com o marxismo, difundiu-se no meio intelectual e também entre alguns movimentos sociais, a ideia de que o poder seria, na verdade, algo difuso tanto social, quanto institucionalmente. Ele não seria exercido por uma parte da sociedade sobre a outra e tampouco estaria concentrado no Estado. O conservador Talcott Parsons defendeu essas teses no quadro de sua sociologia funcionalista. Michel Foucault retomou em bases novas essas mesmas ideias. Qual conceito de poder é mais adequado para explicar o processo político atual? Qual deles permite que os trabalhadores elaborem um pensamento estratégico?
Leitura recomendada:
Armando Boito Jr., “O Estado capitalista no centro: crítica ao conceito de poder de Michel Foucault” texto presente no livro "Estado, política e classes sociais", analisa diretamente as questões apresentadas acima. Disponível em: cutt.ly/Pj1vaEA
Leitura complementar:
Atilio Boron. “A selva e a polis. Interrogações em torno da teoria política do zapatismo”. Presente no livro "Filosofia política marxista". Mostra as consequências práticas negativas sobre o Movimento Zapatista decorrentes da adoção do conceito de poder como algo social e institucionalmente difuso - é possível mudar o mundo sem tomar o poder? Disponível em espanhol em: cutt.ly/1j1c9z0
Michel Foucault. “As malhas do poder”. O texto reproduz conferência pronunciada na Universidade Federal da Bahia (UFBA) no ano de 1976. Permite aprofundar o conhecimento das teorias criticadas. Disponível em: cutt.ly/xj1xdta
Michel Foucault. Microfísica do poder. Editora Graal. Ver: “Introdução: por uma genealogia do poder”, de autoria Roberto Machado, e o capítulo “Verdade e poder”. Permite aprofundar o conhecimento das teorias criticadas.
Immanuel Wallerstein. “A revolução como estratégia e tática de transformação”. No livro "Após o liberalismo", Editora Vozes. Permite aprofundar o conhecimento das teorias criticadas.
Talcott Parsons. “On the concept of political power”. Em Talcott Parsons, "Politics and social structure". Há uma tradução brasileira que circula na internet. Permite aprofundar o conhecimento das teorias criticadas.
Jacques Bidet. Foucault avec Marx. Jacques Bidet apresenta uma leitura alternativa, tentando combinar Foucault com Marx. É a referência polêmica desta aula.
Antony Giddens. “Poder nos escritos de Talcott Parsons”. Em "Política, sociologia e teoria social". Giddens critica o conceito de poder de Talcott Parsons.
Ralph Miliband. "O Estado na sociedade capitalista". Editora Zahar. Capítulo 6 “Competição imperfeita”. O texto de Milliband ajuda a pensar, simultaneamente, a existência de vários centros de poder e a proeminência do Estado.